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O governo da Etiópia libertou nesta segunda-feira dez activistas pelos direitos da etnia Amhara - a segunda maior do país -, entre eles o influente ex-coronel do exército Demeke Zewdu, considerado um dos líderes dos protestos contra o governo na região dEtiópia liberta 10 influentes líderes de protestos regionais
O governo da Etiópia libertou nesta segunda-feira dez activistas pelos direitos da etnia Amhara - a segunda maior do país -, entre eles o influente ex-coronel do exército Demeke Zewdu, considerado um dos líderes dos protestos contra o governo na região de Amhara, informou a imprensa local. Os dez libertados, que estavam detidos por acusações de terrorismo e violência, fazem parte de um grupo de 335 presos políticos de Amhara cuja libertação foi anunciada por diversos veículos de imprensa vinculados ao governo neste fim de semana. Demeke foi detido no final de 2016 após a maior manifestação pacífica em Amhara, feita na cidade de Gondar em solidariedade aos Oromo, o maior grupo étnico da Etiópia, e como protesto contra o controle do Executivo e de importantes setores da economia por parte da etnia minoritária Tigré. Os contínuos protestos dos Amhara e dos Oromo e a crise interna causada pelas disputas étnicas no seio do partido governante fizeram com que o primeiro-ministro, Hailemariam Desalegn, renunciasse na última quinta-feira após quase seis anos no cargo. Desalegn indicou que sua renúncia tinha como intenção «ser parte da solução para a preocupante situação que o país atravessa», embora vá permanecer no cargo até que seja nomeado um sucessor que o substitua até as eleições, previstas para maio de 2020. Na mesma linha, o seu governo está há várias semanas libertando presos políticos para «construir um consenso nacional» após anos de denúncias de grupos pró-direitos humanos e organizações internacionais contra a Etiópia para prender milhares de políticos, activistas e jornalistas, entre outros. Após a renúncia de Desalegn, o governo decretou de novo o estado de emergência no país durante seis meses - já tinha ficado ativo de outubro de 2016 a agosto de 2017 -, ao considerar que «as ameaças à segurança não podem ser abordadas com os procedimentos de segurança ordinários». Pelo menos dez pessoas morreram na semana passada em confrontos com as forças de segurança durante uma greve na região de Oromia, onde vivem os Oromo, e nesta semana continua a queda de braço com o governo em Amhara, onde boa parte da população não sai de casa nem abre seus comércios como protesto. Nas redes sociais, os activistas pediram aos deputados de Oromo e Amhara, que somam a maioria, que boicotassem a aprovação do estado de emergência, que embora tenha entrado em vigor na última sexta-feira, ainda deve ser sancionado pelo Parlamento. O regime etíope enfrenta um movimento contra o governo sem precedentes nos últimos anos, protagonizado pelas etnias que se sentem marginalizadas pelo Executivo. Read more